Por que não?

Parabéns àqueles que se dão ao trabalho de abaixar para ver o que está escrito num papel do chão. Parabéns àqueles que encontram mensagens em garrafas. Parabens àqueles que escutam palavras jogadas ao vento. Esta é a minha homenagem.

Friday, August 28, 2009

Carta a M. Lannes de Ponteiroapontado.blogspot.com

Tu relês a minha carta varias vezes? Eu tenho um método diferente do teu. Ia descrevê-lo, mas acho melhor manter o mistério de minha leitura. Ele é essencialmente o mesmo que o teu, considerando que essencialmente é uma resenha escolar. O que muda não é a essência de nosso ato de escrever: resumir, analisar, conectar relações de causalidade, hierarquias de valores, resenhar, e juntar tudo numa goma aglutinadora chamada linguagem. Por exemplo, resumimos o que o autor da carta anterior disse para ter um gancho a partir o qual trabalhar; analisamos para extrair dele aquilo que há de informação nova para nós; linkamos com nossas próprias convicções estabelecendo causas para os fenômenos analisados e selecionados; depois escolhemos o ponto mais importante da discussão, e dizemos “enfim...” a espera que tudo faça sentido. Isso é a essência do método que varia na sua manifestação prática. Tu lês a minha carta várias vezes. Eu chego a lê-la várias vezes, mas... Vou insistir na minha opção de manter o mistério.

A maneira como a gente lê é bem menos evidente para terceiros, mas influencia muito na maneira como escrevemos, e até mesmo como vivemos. Lemos muito, a respeito de coisas muito importantes, sobre as quais as mais diversas interpretações podem ser tecidas, cujas conseqüências máximas são guerras religiosas ou revoluções que derrubam ditaduras. Por isso, tenho certo pudor em revelar a minha maneira de ler, cartas, livros ou o que quer que seja (todo pudor é também medo).

Cortesia não é só quando você dá uma gorjeta a um garçom cujo serviço lhe agradou, mas a rodada de cerveja por conta da casa que o dono do bar paga em situações especiais. Foste injusto com esse sentimento. Entendo o que quiseste dizer, e admito que seja uma palavra invocada com propósitos maus em algumas situações, mas é necessária à convivência humana. Desculpo-me, porém, de tê-la usado inconvenientemente na despedida da minha carta. Era apenas um recurso estilístico sem nenhuma profundidade, um erro que pretendo não cometer futuramente.

Todo pensamento é eu-achista. Concordo contigo. O eu-achismo e a soberba não tem sequer tanto pecado quanto o “eu-achismo assoberbado” que cunhaste com tanta precisão. O primeiro é natural, e o segundo é necessário, e só o terceiro é ilusório e evitável. Nietzsche era soberbo, e sabia disso. Para ser-se soberbo é preciso saber disso, mesmo que de forma humilde. É um dilema em que eu me encontro às vezes, e que me leva à soberba muito facilmente, acreditar que a condição primordial para ser grande, é saber-se grande. Eu sei que sou grande, muito grande. Sei que sou um gigante comparado com os muitos supérfluos que vagueiam tateando pelo mundo de sombras de Platão, enquanto eu anseio pelas luzes cegantes da realidade. E, entretanto, vejo tão poucas chances de me livrar dessas correntes que chego a querer desistir às vezes. Mas nunca me entregar ao eu-achismo assoberbado, que é como que uma tentativa vã de complitude, algo que além de eximir-se da culpa de existir (tudo que a gente cria é culpada de alguma coisa. Culpa MESMO. Essas palavras que escrevo não são o que deveriam ser, e são culpadas por isso, por não serem o que deveriam ser. E eu sou o culpado de elas existirem, e sou o culpado inclusive de não ser eu mesmo o que deveria ser). É um fim para si mesmo, uma pretensa “obra completa”. Mais uma vez, estou apenas analisando, resenhando o que já disseste.

[Vou, portanto, começar a opinar (maldito eu-achismo que nos persegue independente do eufemismo que usemos para “eu acho”) a respeito deste assunto tão importante.]

Como colocaste Nietzsche, Kafka e Cortázar no mesmo bolo? Se o Eu-achismo é o principio de todo o pensamento, ele é em si vazio de significado, e não basta que todos sejam eu-achistas para formar uma categoria válida. É preciso que se diferenciem os diferentes tipos de eu-achismo que os distinguem, e isso apenas assumindo como lei geral a pré-existência do eu-achismo em qualquer coisa que se escreva. Existem aqueles que criam achismos. Nietzsche criou uma marionete (Zaratustra) através da qual passou todas as suas próprias idéias, idéias que eram condutas para a destruição de todas as idéias. Não se pode dizer que ele acha o que quer que seja. Ele tem certeza de tudo aquilo Fala com uma convicção que ultrapassa em muito o eu-achismo. Arrisco-me a acrescentar ao rol das classificações literárias a Soberba Autêntica, ou Soberba Esclarecida. Os filósofos podem não ser necessariamente soberbos esclarecidos, caso de Nietzsche, com a sua critica precisa aos valores religiosos e à metafísica vã, por ser, essa sim, de origem puramente Eu-achista (segundo a minha interpretação de Nietzsche, diria que seriam Eu-achismos comunitários ou sociais. O Eu-achismo do povo, mais ordinariamente chamado de Fé).

Por outro lado, Cortazar é um pseudo-achista. Sua obra é fruto de um espírito criado efemeramente durante o nascimento da sua obra. Assim como você reclamou de que maus interpretes consideram reais algumas histórias que tenham sido contadas apenas pela arte de ser contada, Cortazar reclamaria de ser considerado um eu-achista. Ele é um Muitos-eus-achista!

Por fim, Kafka, outro tipo de eu-achismo. O metaforista essencial, que atinge o cerne daquele conhecimento universal através da arte é um criador de formas para o informe, e não um criador de sentidos para as formas que cria. Seus achismos são sentidos para todos os seus leitores (àqueles preparados para essas verdades). Ele, assim como Nietzsche, não acha: tem certeza! Difere dos anteriores por ser a sua certeza uma de natureza intrínseca ao ser humano. Enquanto que o primeiro desconstruiu, e deu parâmetros para esta desconstrução, o segundo simplesmente ignorou os parâmetros todos e apenas criou sem trelas ou grilhões. O terceiro, por outro lado, descobriu, desvendou, perscrutou. Cavou a alma humana em busca de sentidos. E os encontrou. É um Nós-achista!

Essa é a minha interpretação de cada um desses autores, segundo a minha leitura deles, o que nos leva também, ao ponto inicial deste texto, a respeito da maneira como cada um lê. Preciso agora que me digas: Qual deve ser o nosso papel como artista? Qual é a responsabilidade sobre o que escrevemos a que estamos sujeitos? Será que ela existe? E sim... São essas questões que fazem de nós mais do que animais letrados, como a maioria das pessoas.

Vou contar um conto rápido para suscitar alguma idéia para resposta, mas sem pretensão de ser mais do que simplesmente interessante. Estava discutindo com um grupo de pessoas a respeito de Harry Potter - que eu repudio. Os adeptos dizem ser apenas um livrinho de ficção e não uma grande obra de literatura e que por isso, não se deve submetê-lo a grandes análises críticas (não vou fazer essas análises aqui, mas eu posso provar por A+B que Harry Potter é uma baboseira do inicio ao fim). Eu acho que precisamente o que faz dele um livrinho de ficção, e não uma grande obra de literatura é o fato de alguém o estar avaliando. A coisa foi evoluindo a ponto de eu dizer que “uma vida que não é avaliada não vale a pena ser vivida” (Sócrates), querendo dizer com isso que qualquer coisa, só é boa ou má depois de ser avaliada, e que não nos basta ler passivamente um livro. Temos que saber colocá-lo acima ou abaixo de nós mesmos, e isso inclui também, analisar a nós mesmos! Aí saiu a frase que explodiu com todos os ânimos da conversa: O HOMEM NÃO É UM ANIMAL!

Eu já estava revoltado o suficiente com as pessoas com quem discutia que, meio sem saber, defendiam a ignorância e a complacência, desde que tivessem suas cachoeiras e seus becks para fumar no Sana. Diziam eles que o homem nada tinha de essencialmente diferente do animal. Animais são eles!, eu deveria ter dito. Mas não. Acabei eu ficando com fama de chato, pra variar. Irritante pacas.

Quanto à questão de recomeçar o texto, estou tentando bolar uma maneira de escrever passagens de um romance desassociadas umas das outras, para que eu possa futuramente conectá-las sem precisar ler o romance inteiro de uma vez só. Posso continuar as passagens separadas de acordo com a minha inspiração. Ainda não fiz isso, mas pode te ajudar essa idéia.

Por fim, vou te dizer onde eu acho que há uma interrupção mais abrupta da linearidade do seu pensamento transcrito em prosa, que não necessariamente será o momento em que paraste para descansar. Sendo ou não sendo, aposto que poderemos desfrutar de analisar a minha conjectura!

“ ...Diga-se de passagem, essa é a pior categoria na qual eu gostaria de ver um texto meu classificado.” – penso ter sido aqui o descanso.

Quanto às palavras... Deus... Não estou com cabeça para isso agora, mas não deixemos escapar da nossa correspondência esse tópico tão interessante.

Um grande abraço
Do sempre e muito seu
F. Negreiros – supercarneiro.blogspot.com

P.S.: Sinto muito não ter respondido a nenhuma das suas questões novamente.

Wednesday, August 26, 2009

Carta a M. Lannes de ponteiroapontado.blogspot.com

Tu relês a minha carta varias vezes? Eu tenho um método diferente do teu. Ia descrevê-lo, mas acho melhor manter o mistério de minha leitura. Ele é precisamente o mesmo que o teu, considerando que essencialmente é uma resenha escolar. O que muda não é a essência de nosso ato de escrever: resumir, analisar, conectar relações de causalidade, hierarquias de valores, resenhar, e juntar tudo numa goma aglutinadora chamada linguagem. Por exemplo, resumimos o que o autor da carta anterior disse para ter um gancho a partir o qual trabalhar; analisamos para extrair dele aquilo que há de informação nova para nós; linkamos com nossas próprias convicções estabelecendo causas para os fenômenos analisados e selecionados; depois escolhemos o ponto mais importante da discussão, e dizemos “enfim...” a espera que tudo faça sentido. Isso é a essência do método que varia na sua manifestação prática. Tu lês a minha carta várias vezes. Eu chego a lê-la várias vezes, mas... vou insistir na minha opção de manter o mistério.

Esse pequeno parágrafo foi apenas para ressaltar um dado interessante que é a maneira como a gente lê que é bem menos evidente para terceiros, mas influencia muito na maneira como escrevemos, e até mesmo como vivemos. Lemos muito, a respeito de coisas muito importantes, sobre as quais as mais diversas interpretações podem ser tecidas, cujas conseqüências máximas são guerras religiosas ou revoluções que derrubam ditaduras. Por isso, tenho certo pudor em revelar a minha maneira de ler, cartas, livros ou o que quer que seja (todo pudor é também medo).

Cortesia não é só quando você dá uma gorjeta a um garçom cujo serviço lhe agradou, mas a rodada de cerveja por conta da casa que o dono do bar paga em situações especiais. Foste injusto com esse sentimento. Entendo o que quiseste dizer, e admito que seja uma palavra invocada com propósitos maus em algumas situações, mas é necessária à convivência humana. Desculpo-me, porém, de a ter usado inconvenientemente na despedida da minha carta. Era apenas um recurso estilístico sem nenhuma profundidade, um erro que pretendo não cometer futuramente.

Todo pensamento é eu-achista. Concordo com você. O eu-achismo e a soberba não tem sequer tanto pecado quanto o “eu-achismo assoberbado” que cunhaste com tanta precisão. O primeiro é natural, e o segundo é necessário, e só o terceiro é ilusório e evitável. Nietzsche era soberbo, e sabia disso. Para ser-se soberbo é preciso saber disso, mesmo que de forma humilde. É um dilema em que eu me encontro às vezes, e que me leva à soberba muito facilmente, acreditar que a condição primordial para ser grande, é saber-se grande. Eu sei que sou grande, muito grande. Sei que sou um gigante comparado com os muitos supérfluos que vagueiam tateando pelo mundo de sombras de Platão, enquanto eu anseio pelas luzes cegantes da realidade. E entretanto, vejo tão poucas chances de me livrar dessas correntes que chego a querer desistir as vezes, mas nunca me entregar ao eu-achismo assoberbado, que é como que um atalho para a complitude, é eximir-se da culpa de existir (tudo que a gente cria é culpado de alguma coisa. Culpa MESMO. Essas palavras que escrevo não são o que deveriam ser, e são culpadas por isso, por não serem o que deveriam ser. E eu sou o culpado de elas existirem, e sou o culpado inclusive de não ser eu mesmo o que deveria ser). É um fim para si mesma, uma pretensa “obra completa”. Mais uma vez, estou apenas analisando, resenhando.

Vou, portanto, começar a opinar (maldito eu-achismo que nos persegue independente do eufemismo que usemos para “eu acho”) a respeito deste assunto tão importante.

Como colocas tu, Nietzsche, Kafka e Cortázar no mesmo bolo? Se o Eu-achismo é o principio de todo o pensamento, ele é em si vazio de significado, e não basta que todos sejam eu-achistas para formar uma categoria válida. É preciso que se diferencie os diferentes tipo de eu-achismo que os distinguem, e isso apenas assumindo como lei geral a pré-existência do eu-achismo em qualquer coisa que se escreva. Existem aqueles que criam achismos. Nietzsche criou uma marionete através da qual passou todas as suas prórpias idéias, idéias que eram condutas para a destruição de todas as idéias. Não se pode dizer que ele acha o que quer que seja. Ele tem certeza de tudo aquilo que fala com uma convicção que ultrapassa em muito o eu-achismo e, arrsico-me eu a acrescentar ao rol das classificações literárias como Soberba Autêntica, ou Soberba Esclarecida. Os filósofos podem não ser necessariamente soberbos esclarecidos, mas no caso de Nietzsche, que com a sua critica precisa aos valores religiosos como um todo e sua metafísica vã, por ser, essa sim, de origem puramente Eu-achista (segundo a minha interpretação de Nietzsche, diria que seriam Eu-achismos comunitários ou sociais. O Eu-achismo do povo, mais ordináriamente chamado de Fé).

Por outro lado, Cortazar é um pseudo-achista. Sua obra é fruto de um espírito criado efemeramente durante o nascimento da sua obra. Assim como você reclamou de que maus interpretes a considerar reais histórias que tenham sido contadas apenas pela arte de ser contada, Cortazar reclamaria de ser considerado um eu-achista. Ele é um Muitos-eus-achista!

Por fim, Kafka, outro tipo de eu-achismo. O metaforista essencial, que atinge o cerne daquele conhecimento universal através da arte é um criador de formas para o informe, e não um criador de sentidos para as formas que cria. Seus achismos são sentidos por todos os seus leitores (ou por queles preparados para essas verdades). Ele, assim como Nietzsche, não acha: tem certeza! Difere dos anteriores por ser a sua certeza uma de natureza intrínsica ao ser humano. Enquanto que o primeiro desconstruiu, e deu parâmetros para esta desconstrução, o segundo simplesmente ignorou os parâmetros todos e apenas criou sem trelas ou grilhões. O terceiro, por outro lado, descobriu, desvendou, perscrutou. Cavou a alma humana em busca de sentidos. E os encontrou. É um Nós-achista!

Essa é a minha interpretação de cada um desses autores, segundo a minha leitura deles, o que nos leva também, ao ponto inicial deste texto. Preciso agora que me digas: Qual deve ser o nosso papel como artista? Qual é a responsabilidade sobre o que escrevemos a que estamos sujeitos? Será que ela existe? E sim... são essas questões que fazem de nós mais do que animais letrados, como a maioria das pessoas.

Vou contar um conto rápido para suscitar alguma idéia para resposta, mas sem pretensão de ser mais do que simplesmente interessante. Estava discutindo com um grupo de pessoas a respeito de Harry Potter, que eu repudio grosseiramente. Os adeptos dizem ser apenas um livrinho de ficção e não uma grande obra de literatura e por isso, não se deve submetê-lo a grandes análises críticas (não vou fazer essas análises aqui, mas eu posso provar por A+B que Harry Potter é uma baboseira do inicio ao fim). Eu acho que precisamente o que faz dele um livrinho de ficção, e não uma grande obra de literatura é o fato de alguém o estar avaliando. A coisa foi evoluindo a ponto de eu dizer que “uma vida que não é avaliada não vale a pena ser vivida” (Sócrates), querendo dizer com isso que qualquer coisa, só é boa ou má depois de ser avaliada, e que não nos basta ler passivamente um livro. Temos que saber colocá-lo acima ou abaixo de nós mesmos, e isso inclui também, analisar a nós mesmos! Aí saiu a frase que explodiu com todos os ânimos da conversa: O HOMEM NÃO É UM ANIMAL!

Eu já estava revoltado o suficiente com as pessoas com quem discutia que, meio sem saber, defendiam a ignorância e a complacência, desde que tivessem suas cachoeiras e seus becks para fumar no Sana. Diziam eles que o homem nada tinha de essencialmente diferente do animal. Animais são eles, eu deveria ter dito. Mas não. Acabei eu ficando com fama de chato, pra variar. Irritante pacas.

Quanto à questão de recomeçar o texto, estou tentando bolar uma maneira de escrever passagens de um romance desassociadas umas das outras, para que eu possa futuramente conectá-las sem precisar ler o romance inteiro de uma vez só. Posso continuar as passagens separadas de acordo com a minha inspiração. Ainda não fiz isso, mas pode te ajudar essa idéia.

Por fim, vou te dizer onde eu acho que há uma interrupção mais abrupta da linearidade do seu pensamento transcrito em prosa, que não necessariamente será o momento em que paraste para descansar. Sendo ou não sendo, aposto que poderemos desfrutar de analisar a minha conjectura!

“ ...Diga-se de passagem, essa é a pior categoria na qual eu gostaria de ver um texto meu classificado.” – penso ter sido aqui o descanso.

Quanto às palavras... Deus... Não estou com cabeça para isso agora, mas não deixemos escapar da nossa correspondência esse tópico tão interessante.

Um grande abraço
Do sempre e muito seu
F. Negreiros – supercarneiro.blogspot.com

Velhos

Um grupo de velhos jogava cartas. Um deles tinha uma cicatriz que saía da borda do nariz e escorria como uma meleca metade do caminho até a boca. O que sentava na frente olhava para todos com os olhos semicerrados enquanto escondia o queixo com as cartas. Seus óculos pendiam na ponta do nariz, que era grande e redondo como três bolhas de sabão penduradas da testa. Ficava fingindo que reparava nos mínimos detalhes nas reações de seus oponentes, mas não conseguia concluir nada de substancial para o jogo. No final, a pose só servia para tentar convencer os outros de que ele tinha essa capacidade. Achava que se pelo menos isso funcionasse, teria alguma vantagem. A banca estava com o velho da cicatriz, o que significa, segundo a regra do pôquer, que a pessoa a sua esquerda deveria fazer o small blind, e o seguinte, o velho do olhar postiço e do nariz grande, deveria fazer o big blind. Sem hesitar, o elegante e menos idoso do grupo, com o cabelo tão oleoso que dispensava brilhantina, dedos longos e unhas bem aparadas, com os cotovelos juntos apoiados na barriga grande que fazia parecer que ele tinha engolido uma bola de futebol americano, e era o único com bigode no grupo – um bigode farto que cobria seu lábio superior - fez deslizar sobre a mesa uma ficha amarela. A seguir, o grande nariz inchado do próximo velho a jogar ressoou em um espirro contido, e seus óculos pequenos demais para o rosto redondo e grande, caíram. Sem deixar de alfinetar os outros jogadores com seu olhar postiço, colocou duas fichas amarelas sobre a mesa antes de posicionar os óculos novamente na ponta do nariz redondo. Com mãos delicadas e cheias de veias, o último jogador podia escolher se entrava ou não no jogo. Tinha poucas fichas e largou as cartas fechadas em sinal de desistência. Usava óculos escuros muito grandes e tinha o queixo proeminente sobre o pescoço de uma tartaruga.

Coçando, por hábito, a cicatriz com o quarto dedo da mão (aquele dedo que é tão inútil que nem sequer tem um nome apropriado: Não é o polegar, nem o indicador, nem o médio nem o mindinho... é o outro, que serve para coisas inúteis como aliviar uma coceira que não existe em um ponto da cara sem sensibilidade) pensa pouco antes de colocar duas fichas amarelas e uma vermelha. O velho mais jovem, do bigode, cobre a aposta, e o último considera a possibilidade de aumentar ainda mais.

Não dobra, mas cobre.

Ao revelar-se a primeira carta do flopy, o velho de pescoço de tartaruga que desistira do jogo explode em pragas e dá um soco na mesa, machucando suas mãos delicadas. Ele cala-se sem que nenhum dos outros lhe dê atenção. Já estavam acostumados. Ele tinha o hábito de gritar e xingar muito alto durante alguns segundos sempre que alguma coisa contrariava suas expectativas, ao invés de fazer como outros velhos, que ficam resmungando eternamente um monte de coisas incompreensíveis.

O bigodudo que tinha feito o small blind era o primeiro a apostar novamente. Fez um “hum...” significativo e bateu duas vezes com delicadeza na mesa, querendo dizer que esperaria que todos apostassem antes de decidir o que fazer. O olhar clínico e calculista do jogador seguinte pareceu satisfeito em perceber alguma coisa nesse comportamento, e sorrindo, apostou logo duas fichas vermelhas. Pode-se chamar de blefe quando alguém o faz por ignorância? De qualquer forma, as cartas em sua mão não justificavam de todo uma aposta tão alta.

Eles esperaram algum tempo enquanto o próximo jogador coçasse sua cicatriz, e esperaram pacientemente até perceber que ele esperava a jogada do seu explosivo companheiro. Todos ao mesmo tempo o alertaram que este já estava fora do jogo, mas ele não admitiu ter se enganado e alegou estar pensando na jogada.

O bigodudo zomba jovialmente: “Você pode ficar olhando para elas o tempo que quiser. As cartas não vão mudar. Faz logo a tua jogada antes que a gente durma.”

“... ou morra” completou o narigudo através das cartas que mantinha a altura da boca.

“Não me apressem, não me apressem... Aqui está. Satisfeitos?”

Cobre com duas peças vermelhas. Agora voltou à vez daquele que pedira “mesa”. Alisa o cabelo (farto, a comparar com o de seus colegas), ajeita o bigode, pousa as cartas viradas para baixo e puxa uma ficha branca. Dobra a aposta!

Os olhos clínicos deixariam transparecer alguma surpresa, não fosse o velho ignorante demais para reconhecer o momento de se retirar. Cobriu a aposta, e foi imitado pelo próximo a jogar, embora este último tenha hesitado visivelmente, o que, em pôquer, é um prenúncio de perda de dinheiro.

Abriu-se outra carta. Mais um murro, mais um urro, e breve já estavam todos em silêncio novamente. Aparentemente o pobre homem do pescoço de tartaruga perdera um excelente jogo. A ordem de apostas continua a mesma, e novamente pede mesa o que deveria jogar primeiro, e novamente o narigudo, deixando seus óculos caírem, aposta mais alto do que deveria. Inconseqüente: Três fichas vermelhas. Desta vez o grupo não tem de esperar que a banca perceba que é sua vez de jogar. Ele desiste de suas apostas. Agora o olhar clínico postiço se concentrava no bigodudo, que pegara novamente suas cartas e as analisava (se o olhar clínico não fosse postiço, o velho bigodudo ficaria mais contente, pois seria capaz de perceber a minúscula gotícula de suor que brotara da testa de seu oponente, mas ele apenas olhava, buscando intimidá-lo, pois tinha apenas um par de damas por enquanto)

Passou novamente a mão no cabelo, pousou as cartas e ajeitou o bigode antes de cobrir e pedir para a banca abrir as ultimas três cartas do flopy.

Ele não conseguira o Full Hand de que estava a espera, e temia o jogo do velho, apesar de saber que este estava blefando. Mas sabia também a dificuldade que era jogar com oponentes inconseqüentes. Eles caem em todas e não é possível blefar com esses caras. Pediu mesa.

Os óculos que pendiam na ponta do nariz gigantemente redondo, deslizaram e caíram por causa do sorriso que o velho abriu. Se fosse um profissional, ele saberia que esta era a hora de blefar, mas como sua visão obtusa não sabia distinguir no pedido de ‘mesa’, um sinal de fraqueza ou um blefe, ou mesmo por não conseguir formular esta pergunta, o sorriso foi apenas uma atuação, um contra-blefe que ia de acordo com seus princípios de pôquer: sempre fazer pensarem que você está com uma boa mão, mesmo quando não está. Apostou mais uma ficha branca, sem blefar blefando.

Funcionou. O bigodudo demorou, alisou novamente o cabelo, ajeitou o bigode, e desistiu do jogo. Agora seria ele a banca.

Tuesday, August 25, 2009

As Fodas de Bígaro

Bígaro, Bígaro, Bígaro,
Teta mia, Bigaro,
Fode ou não fode
Sua Suzana. Que bode
Com o Conde Almavulva!
Pode ou não pode
Cherubino Travesti

Basílio maestro?
Sei. Guarda-te Don Curisio
De frustrar as Fodas,
Ou acabas tu fodido

Isso é política. Agulha perdida
No fundo do cu de Barbarina
Se fosse maior encontrava-a
Mas mesmo assim nós sabemos
Como as ceroulas de Susanna
Foram às pernas da Condessa

As fodas de Bígaro
Não acabam nunca
Enquanto houver camponeses
A dar flores e tudo mais

Enquanto houver flores haverá pernada!
Será que não vêem?

Mas fodam-se os costumes
E certo é Cherubino e o amor
À todas as bucetas desse mundo.
Fodam-se!

Em toda essa fodelança
Só quem não come é quem planta
Pobre Jardineiro António
Só enxerta nas flores do canteiro

Só falta agora foderem por engano
Bígaro e Almavulva,
Junto com todo o elenco,
Diretores e o coro.

Na orgia final,
Quem mais impressiona
É o trombonista
Pelo tamanho da vara.

E Amadeus revira-se no túmulo

Erasmo Patajornas

Sunday, August 23, 2009

Fausto

Lamento a morte do meu sonho
De não saber nada para nada sofrer
Lamento esta fome insaciável,
E até mesmo o prazer de comer.

Felicidade é não saber o que é felicidade
Mas quem de nós sabe?
Triste daquele que busca, isso sim.

Tudo é confuso e contraditório
Para quem tenta entender.
Embora improvável sapiência infalível,
Quimera fugaz que se mostra sem se ver,
Seja ainda a lâmpada na mão de meu guia
Temo ser este guia apenas um velho cego.

Pudera eu, nas chamas da sabedoria
Esvaziar minha alma como um balde
Voltar à segura escuridão
Do mar de monstros da antiguidade

Monday, August 17, 2009

Carta a M. Lannes de ponteiroapontado.blogspot.com

Estou muito lisonjeado com certas coisas que me escreveste. A vida de fato é como um filme, ou como um conto, ou como qualquer outra coisa que seja narrada. As coisas acontecem sem que tenhamos controle sobre ela e há muito tempo eu percebi que a beleza de tudo isso era exatamente o filme, livro ou o que quer que seja que representaria a nossa existência. Só que essa visão vai de encontro com muitas outras possibilidades de visões que muitas outras pessoas têm como ideais, desde as possibilidades religiosas até as materialistas.

Quando fomos crianças vivemos as coisas que nos definem hoje como somos. O legal é pensar que fomos crianças juntos. Juntos mas separados por nossas vidas sem ser um com o outro. Isto é, quase sempre que estávamos juntos, estávamos juntos e apenas juntos. Quando íamos brincar com outras crianças, ou eram amigos seus ou amigos meus e essa divisão nunca foi suplantadaa a ponto de algum deles se tornar um verdadeiro amigo em comum ao longo do tempo. A maior parte dele, entretanto, estávamos a sós (sem contar nossos irmãos pentelhando de vez em quando).

Essa infância compartilhada criou um vínculo invisível de compreensão mútua. O que, em confissão revelas, te motivou a escrever é EXATAMENTE a mesma coisa que me incentiva agora a te escrever esta carta. Não pode ser classificado como uma troca, ou uma influência, mas a mesma coisa sem duplicata, que funciona ao mesmo tempo para mim e para você. Uma espécie de inconsciente partilhado que é basicamente essa visão da vida, de que o que é belo é o que merece ser narrado. Algo que eu acho que faz parte da nossa infância compartilhada, e está presente desde a filosofia da unipresensa.

A metáfora com a rastejancia do eu-achismo com o vôo temerário da soberba faz sentido sim dentro da idéia de que nem um nem o outro é bom. O primeiro porque não chega sequer a ser um vôo. É uma regurgitação psicológica em forma de palavras e não a verdadeira arte de escrever. Parnasianismo auto-masturbatório. Já a soberba é um equivoco. Nenhum grande artista é tão bom quanto poderia ser se trabalhasse mais.
Posso demonstrar esses erros na prática com dois textos hipotéticos:


Poesia sobre o Nada

...?

Augusto Magno


Está vendo? Isso é tentar voar alto demais.







A coisa mais importante do mundo é não estar preocupado com o que as pessoas acham do que você escreve. Se eu escrevesse o que me fosse pedido para escrever nunca escreveria nada. Já reparou que sempre que as pessoas escrevem no gênero do eu achismo, falam na primeira pessoa, em prosa, como se estivessem falando com uma certa pessoa em particular, sem nunca definir essa pessoa?


Está vendo? Isso é rastejancia.

O que eu queria discutir contigo, de relevância extrema, é precisamente a respeito desse meio termo entre a arte e a enchessão de lingüiça.
Também pensei em falar de outros assuntos, mas todos eles me pareceram enchessão de lingüiça, seja por ser ridiculamente audacioso ou um eu-achismo barato, prepotente.

Pode parecer estranho que eu esteja estabelecendo como que um tema para a correspondencia com base em coisas que foram escritas e criadas nas cartas anteriores, e apesar disso, eu esteja sustentando que desde o inicio, o que eu queria (no pretérito) falar contigo era a respeito DESTE assunto de “relevância extrema” (tenho a convicção de que, você não só escreveu a sua carta inteira em uma tacada e a enviou imediatamente, sem uma interrupção do processo, como sabe que eu próprio fui impulsivo com as minhas palavras e que as criei tanto em forma como em conteúdo, à medida que as fui escrevendo). Mas não é estranho de todo. Faz parte daquela conexão infantil que descrevi no inicio desta carta. Eu já sabia, sem saber, quais coisas me perturbavam a respeito da arte de escrever, e eram as mesmas que as suas.

Rumamos sem rumo, mas determinados. E é pelo fato de a nossa vida estar em jogo, ou melhor, as narrativas das nossas vidas, que é um assunto de extrema importância. Bizarro como é difícil definir uma coisa que é tão presente para ambos. Bizarro que o que se tenta alcançar com a arte de escrever é a comunicação de algo que todos (ou pelos menos aqueles a quem as palavras são destinadas) já sabem, mas não conseguem ver. Sabe?

Paralelamente a isso, existem outras questões que me intrigam, de caráter mais prático: não entendi o seu critério para palavras belas. Aqui vão algumas das quais eu mais gosto.

Bruma,
Sapiência,
Saudoso,
Frangalhos,
Úmido,
Otomano,
Àquele (com crase),
Bálsamo,
Qualquer verbo no pretérito-mais-que-perfeito,
Ungüento,
Revelia,
Antanho,
Supra,
Sumo,
Léu,
Fel,

De repente meu léxico de palavras bonitas encerrou. À medida que eu fui acrescentando palavras, elas iam se tornando mais difíceis de serem colhidas. A partir de “fel”, nenhuma outra surgiu na minha mente que merecesse ser acrescentada, apesar de várias estarem na ponta da língua. Cheguei à conclusão de que quanto mais uma palavra é difícil de ser encontrada no vocabulário de uma pessoa, mais bonita ou mais feia será esta palavra.

Mais feia também, sim, pois existem palavras que não são nem feias nem bonitas. As que são ou um ou outro, obedecem à mesma regra. Para demonstrar, vou listar as palavras feias, e da mesma forma, em algum momento, cessará a minha criatividade para palavras feias, e quanto mais difícil for de pensar na palavra, mais feia ela será!

Ornitorrinco
Enciclopédico
Vicissitude
Traquinagem
Sapateado
Tracção
Usurário
Moratória
Laboratório
Caçamba
Farfalhando
Intumescência
Outras

...

Viu?

Bom... claro que não viu. Tente a experiência você mesmo. Gostaria de saber que tipo de palavras entraria na sua lista, e quantas!

Com a maior das cortesias possível,
F. Negreiros – Supercarneiro.blogspot.com

Tempus Fugit

Se nada é real
E tudo é um sonho
Quero acordar
Para a morte

Se tudo é real
E as dores que me afligem
Não irão embora,
Quero ir eu dormir

Para qualquer lado partir
Não importa onde estiver
De lugar nenhum, ou além
De cá para quiçá

Erasmo Patajornas

Recursivismo Sexual

Eximo-me de culpa
E da culpa me eximo, talvez
Sim são enzimas

Excxretadas escrotamente
do escuro
excito-me
Cito-me
Citando a mim mesmo

Preferia a ter deixado excitada
Mas sou um Turbador
Masturba dor
Masturbado
Masturbados

Queria ter masturbado-me-te

Erasmo patajornas

Saturday, August 08, 2009

Carta a M. Lannes de http://ponteiroapontado.blogspot.com/

“Eu acho”... Essa é uma maneira interessante de começar qualquer texto. Eu acho isso desde que a repetição dessa tal maneira de começar um texto fez com que colegas de classe do ensino básico me fizessem chacota. Era uma piada que eu não entendia, mas me ofendia, e talvez o mais curioso seja precisamente isso. Eu me ofendia pelo fato de estarem fazendo chacota comigo, e não pelo conteúdo da chacota, que na verdade era de tal forma estranho que me deixou interessado até hoje. Sempre que me deparo com uma folha em branco vem à mente a imagem precisa de eu sentado no meio à direita de uma sala de aula comprida onde uma professora (de ciências) que parecia ter muita experiência prática no assunto explicava: a reprodução humana. Eu levantei a mão e disse
“eu acho...”
E, acho eu, pelo fato de eu já ter dito aquilo muitas vezes, o Marcos repetiu no tom jocoso como que imitando um doente mental (extremamente irritante e intencional só proferido pelos seres mais baixos do planeta)
“eu acho...” seguido por uma gargalhada geral.

Essa história tem uma relevância incrível para mim, ao ponto de eu sempre me lembrar dela quando vou começar a escrever qualquer texto. Na verdade, não precisamos acreditar em tudo que escrevemos, mas quando nos deparamos com uma folha em branco, sentimos a forte compulsão de escrevermos o que achamos. Eu acho isso e estou escrevendo. Mesmo se não fosse percentualmente verdadeiro - que na verdade seja uma minoria que sinta essa compulsão - alguma relevância teria a história que eu vivenciei para achar o que acho, por que é essa lembrança de humilhação que me faz hesitar sempre que vou começar um texto da minha forma mais natural: “eu acho”.

Isso tudo me veio a partir da decisão de te escrever, meu caro M. Lannes, e menos para falar sobre a minha infância do que para levantar um debate já sugerido pelo seu texto (parágrafo, devo dizer) em que falas sobre parnasianismo.

“De uma forma geral, acho que o que eu faço não fica muito bom e, aliás, isso também pode estar ligado ao motivo de eu não ter tentado antes. É estranho, porque na medida em que vou desenvolvendo, acho que está bom, mas quando acabo ou reavalio o que foi feito posteriormente, sempre acho que ficou uma porcaria”

Obra interessante. Assumidamente, uma rompedora de placentas psicológicas! Como qualquer obra, algo que não tem mérito em ser o que é simplesmente, mesmo que seja uma coisa muito rara. Ser um bebê, teoricamente, é a coisa que menos tem mérito no mundo. Mas felizmente, estamos vendo possibilidades concretas de ver essa mesma escrita de eu achismo que é a larva de tudo, desde os gênios aos ditadores e aos bêbados mais mendigos junto mesmo com todos os sentimentos de frustração que permeiam o fracasso autêntico, crescer e andar e quem sabe um dia até mesmo nos enterrar.

Às vezes eu tenho medo do fracasso autêntico. Quanto mais alto voamos mais dolorosa é a queda.

A escrita do eu achismo é um problema sério. Ainda poderia discorrer mais sobre esse assunto, sobre a segurança que ele traz ao aliviar o peso de responsabilidade sobre o que escrevemos. Poderia ainda continuar e explicar o seu oposto, a soberba, igualmente problemática, por ser um salto de queda livre de um avião, e não a rastejância do achismo. Escrever é como voar. É preciso planejar cuidadosamente o meio natural que queremos vencer, observar o comportamento das aves sob as correntes e construir com cuidado um protótipo antes do modelo final, e sempre lembrar de não voar próximo demais do Sol.

Mas ao invés disso vou apenas mudar grosseiramente de assunto e te perguntar quem é essa Cristiana Saldanha, sua professora de português??? Devo dizer que seu comentário está um tanto... não sei... exagerado nos elogios talvez

"seu dom de escrever”, “Uma literatura leve e que flui”, “instiga o leitor a querer saber mais e mais do narrador”

Essa ultima principalmente meu caro Lannes, não se aplica totalmente. Porquê eu quereria saber mais sobre um cara que só procura maneiras rotativas de manter a atenção do leitor, dando voltas a assuntos genéricos? Um parnasiano, enfim, que não escreve sobre nada, não instiga ninguém a nada. Eu já disse o que acho do texto e hás de concordar comigo que os méritos desse jovem são principalmente o futuro presente que vivemos! Saiba que eu odeio comentários desses aos MEUS posts, que elogiam coisas que nitidamente não estão presentes no texto.

Aliás, os comentários dos blogs das outras pessoas às vezes são muito mais interessantes de se vasculhar do que o próprio blog. A gente acaba descobrindo coisas. Afinal, um blog é quase um diário pessoal à disposição da humanidade conectada!

Muito obrigado por postar Erasmo! Lindo de mais... Vou procurar algumas traduções em uma biblioteca particular de Niterói e posto aqui o que encontrar.
Se encontrar.

Abraços
Do sempre teu
F. Negreiros